quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Lua não está lá, mas é uma noite clara.
O carro se estrebucha pela estrada lentamente e o frio encolhe a todos que se atrevem a acordar àquele horário. Sim, parece um castigo pela audácia, pela necessidade em ser um notívago.

Os homens no automóvel não conversam, pois suas respirações e resmungos já são um diálogo suficiente. Cada respiração à sua maneira, cada aspiração bem guardada na mente.
A estrada, porém, está lá. É um convite aos que se arremessam ao dever! Ela e o trabalho não acabam e os dias parecem só um plano de fundo - todos com o mesmo detalhe -, apesar de o Sol ser ímpar e solitário.

Para quem se aventura em outras tantas opções, a vida é mais recheada de calorosas madrugadas, de convidativas ceias e diálogos mais significativos. No entanto, a cena descrita sempre funcionou. Não há o que conversar quando se está numa estrada sem fim. Ou melhor, numa estrada que não cessa até o fim.

O caminho é longo, as horas repetitivas e as inovações, escassas. Mas, ainda assim, há muitas luzes em volta. Luzes de cidades que não saem do lugar.
Luzes de postes distantes um do outro, mas que de longe formam todo o desenho do que chamam de casa, rua e bairro. Postes acesos que, mirados detrás do vidro sujo e esfumaçado em movimento, dão a ideia da distância a percorrer.

Essa é a cidade. Esse é o mundo com seus múltiplos homens sob tantas noites e tantos sóis!

No entanto, o que está bem claro para os homens mudos - apesar da escuridão - não é o mapa da cidade ou o caminho a seguir, mas sim a verdade que os guia na escuridão: é necessário fazer alguma coisa.
Ah, sim! Para eles a Lua nunca esteve lá de verdade, mas as noites eram bastante claras.

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