Devo me lançar a eles.
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Eu acordo de madrugada, tomo uns goles de café e me enrijeço para o restante do dia. É assim quase sempre, exceto aos sábados quando o raiar do Sol me parece bem mais simpático.
Eu escolhi isso. Eu quis as coisas assim. Eu sempre os procurei - os desafios, as boas novas.
Dezesseis aniversários nas costas e eu já os escolhia; compromisso, horários, infortúnios...
Eu tenho colhões!
Eu chego tarde, me estico em meu leito, exigo-me certas obrigações e me recordo que padeço de privações.
Sol a Sol. Das 5h às 0h. Esse é o ritmo e a dança que eu danço.
Chego em minha mente, bem no fundo, enfim.
Aterriso no átrio e vejo mais fundo.
Este sou eu, no reflexo.
O poço é fundo, mas minha vista o alcança.
Simpático até, eu diria. Apesar das vísceras e da distância, gosto do que vejo.
Um espasmo longo, um osso range e eu volto à realidade.
Eu volto ao sono, ao cansaço, às obrigações.
Um leve trago de revolta antes de empunhar um livro e meus olhos fecham.
No estado que fico, o máximo que posso fazer é começar a fantasiar fantasias típicas daquele estado que antecede o sono:
"Sono inimigo que me afronta a alma, o que queres de mim? Vivi um dia cheio, os pensamentos me vieram como porretadas e eu não tive tempo de transpassá-los para o papel. Perdi-me numa dessas idas e vindas e desejaria ter minha alma de volta, se não for pedir muito..."
Ele ri e acena pra mim quando meus olhos se fecham.
Mas ainda há tempo de rir de meu próprio destino.
"Sou uma pessoa dupla. Escolho e sou escolhido. As escolhas que fiz para me fazer melhor, hoje me reduzem a pó. Como qualquer outro eu sou... Ou não."
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A culpa da desordem é o cansaço.
E a culpa do cansaço também pertence à desordem da minha mente.
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