Onde trabalho não há espaço para abraços, cumprimentos, desculpas e saudações.
Grita-se.
Estudando um pouco de Antropologia e Psicologia - daquele tipo para quem não quer ser antropólogo ou psicólogo - eu me dei conta que poderia usar minha percepção ao meu favor.
Na verdade, eu já havia notado isso há um bom tempo, mas só me deparei com a ideia de realizar um estudo etnográfico recentemente.
Nada sério, claro.
O bicho homem lá é muito mais instintivo e puro que os daqui, do meu outro mundo.
Lá não se mede palavras para qualificar um desejo sexual, por exemplo. Ou não se nega a imoralidade como muitos os fazem por aqui.
Há adultério, pecado e erros aos montes!
Aprendi que temos instinto e tensão sexual de um lado, controle e proibição do outro e, entre os dois, está o nosso ego - o famigerado.
Aprendi isso num mundo, mas observei na prática em outro.
No mundo dos trabalhadores braçais libera-se a tensão sexual não só nos fins de semana (pelos inferninhos do centro), mas o tempo todo e de diversas formas.
No mundo do culto à sabedoria aprendi que buscamos civilizar tais tensões 'ultrajantes' fazendo com que nossas cabeças ocupem-se com trabalho, estudo e uma vida de desejos temporários.
Mas não julguemos um pelo outro, pois no mercado de onde tiro meu sal mensal pode não haver a pregação a uma vida intelectual, mas há, sim, muito cérebro.
Na verdade - e obviamente-, sempre haverá cérebro onde houver números. Lá, porém, eles ganham proporções nunca antes imaginadas por mim. Lá isso é tudo.
É o que dá a tônica do jogo.
Por trás de toda aquela gritaria há um estrutura, uma cultura vigente. Por trás dos berros que escuto diariamente há uma filosofia de vida.
Concluindo toda a volta que dei sem querer dar mais detalhes do que percebi, fecho mais uma postagem.
2 comentários:
Por mais estranha, que possa ser, uma pessoa sempre tem uma filosofia de vida, nem que ela msm nao saiba que tem !
Hello!
Faz tempo que não venho aqui, mas agora não saio mais.
É Leandro, a 'sabedoria ceasística' é impressionante! Mergulhar nesse mundo é ir do inferno ao prostíbulo. Mas, encontra-se beleza e muita sabedoria em meio a garrafas de cachaça, caixas e peões brutos e mal cheirosos. Pais brutos criam bons filhos e muitos amam suas esposas e respeitam as mulheres. Fala-se de religião, futebol e mulher com muito mais respeito que em alguns lugares mais 'distintos'. Muita coisa aprendi nesses anos de Ceasa e sei que ainda tenho muito mais para descobrir.
Beijos
Tia mó
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