sábado, 6 de junho de 2009

06/06/1944




Desde as antológicas cenas iniciais de 'Resgate do Soldado Ryan', eu - jovem estudante sanguinário - comecei a desenvolver esse fascínio pela 2ª Guerra Mundial.
Na época eu devia ter 8 ou 9 anos e não piscava os olhos um minuto sequer enquanto os atores representavam os Aliados adentrando a França de maneira sofrida, sendo varridos por metralhadoras alemãs.
Das casamatas, os alemães acertavam um por um, dois por vez, até três. Os tiros zuniam, quando passavam e despedaçavam quando acertavam.
O filme em si agrada os aficionados pela maneira como retrata as batalhas. Afinal, deve ter sido montado e adaptado através de relatos reais de quem realmente esteve lá.
Eu, que leio a respeito e tenho fascínio pelo tema, jamais fiz ode às guerras.

O encanto ultrapassa a questão da violência - mas também a envolve um pouco, claro -, pois tem relação com a questão histórica, inédita e única do confronto. Aqueles tempos já se foram, mas graças àqueles chegamos até aqui, de uma forma ou de outra. Nós, brasileiros, de uma maneira mais amena.
Longe de qualquer babação americana, segue um relato:


"Os barcos tinham o fundo raso e possuíam na frente uma rampa para desembarque. Deram-nos sacos de vômito por causa do enjôo provocado pelo balanço do mar, mas logo se viu que um não era o suficiente.Quando nos aproximamos da praia, por volta das seis e trinta da manhã, as granadas caíam na água e rajadas de metralhadoras zuniam acima de nossas cabeças. O sargento Robey disse ao timoneiro que conduzisse o barco direto para a praia e assim ele fez. Desembarcamos em terra firme. Corremos direto para um paredão de argila e, enquanto saía do barco, vi as balas rasgando a areia dos meus dois lados e pensei que era como estar num filme de guerra. Depois que chegamos ao paredão, olhava para trás em direção ao barco que acabáramos de abandonar quando um projétil de artilharia atingiu o compartimento do motor e o fez explodir. Observei outro barco chegando e os caras saindo correndo em direção ao paredão. Um deles foi atingido bem em cheio por um morteiro e tudo o que pude ver foram três nacos de seu corpo voando pelos ares. Estávamos todos enjoados e amedrontados pelo som dos estampidos e pela viagem até ali. A maré estava subindo e a praia se tornava cada vez menor. Podíamos ver os corpos dos mortos sendo revirados na arrebentação. O comandante de nossa companhia foi atingido por estilhaços de uma granada. O ferimento em sua perna esquerda foi tão brutal que o médico não conseguiu estancar a hemorragia e ele sangrou até morrer..."
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Roger Brugger- Praia de Omaha- 16º Regimento de Infantaria, 1ª Divisão dos EUA- Dia-D (06 Junho de 1944)(Transcrição Editada)

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