
Escrever sobre Raul não é difícil. Mas fazer um texto sobre ele de forma adequada é um desafio e tanto.
Digo isso pelo tamanho de sua memória vivida, revivida, revistada e revisitada. Ele sempre será grande demais para tudo o que vier em sua homenagem.
Portanto, penso que ouvi-lo, lê-lo e buscar entendê-lo nunca será o suficiente. Afinal, ele é produto de si mesmo combinado a vários outros fatores. Ele se criou, se reinventou e seguiu sua própria filosofia. Ou seja, é como Seth e seus ângulos obtusos: a única maneira de honrá-lo é seguindo a si próprio.
Vale dizer, porém, que se reconhecer em Raul é fácil. Ele foi brasileiro, foi cidadão do mundo, pai, filho, homem, mulher, ancião, profeta, mendigo... Ele foi tudo e, assim, cantou para todos. E o mais admirável: alcançou tudo isso sendo
apenas ele mesmo.
Eu, como muita gente por aí, o ouvi pela primeira vez quando criança e nunca mais fui o mesmo.
Confesso, porém, que, apesar de ter álbuns na estante e arquivos no computador, havia algum tempo que não o botava para tocar, ou refletia sobre sua obra.
Eis que este ano, de repente - mas não por acaso -, eu o reencontrei após um trabalho da faculdade.
De agosto a outubro deste ano mergulhei por completo na vida e obra do filho que seguia o pai pela ferrovia no nordeste brasileiro. Garoto esperto aquele cujos ídolos eram Luiz Gonzaga e, mais tarde, Elvis Presley.
Mergulhei. Mas mergulhei de tal forma que não voltei mais.
Descobri que ele, assim como eu, também era metade filho das profundezas mais rústicas do sertão e metade filho dele mesmo, o garoto que se tornou roqueiro. Metade raíz, metade fruto do que o mundo que escolheu o tornou.
Assim, nada seria mais justo que que viver minha loucura da minha forma, na melhor maneira de dizer ao mundo (ou seja lá quem for) o que sou.
De Raul em diante, em 2009, eu multipliquei a vontade de seguir-me em tudo que fiz.
Com mais paixão, mas sempre sob a sombra da sina da morte e vida severina de meus ancestrais, eu sigo apenas desejano não me perder do que Raul sempre foi pra mim: eu mesmo.
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