
Ali, entre a fumaça e o vazio da incerteza de tê-la, estava ela. Olhava-o, mas não estava à sua espera.
Numa pose quase blasé, com um cigarro espetado em seus lábios, jazia como o centro de tudo. Emanava, enganava e a fumaça espalhava-se como sua aura aos quatro cantos do recinto.
Todos a viam, era inevitável. Lembrava-lhes Hepburn muito menos meiga, ou Bergman muito mais estonteante. Mas ela só estava lá, como sempre. Chegava, atraía, saía, levava. Destruía.
Até que, de repente, como a fumaça, ela vinha como numa corrente de ar e caía no colo daquele que a olhava. Fazia isso às vezes, não sempre. Seu codinome devia ser sorte, evasiva e incerta, pensava o boêmio, encantado.
A noite, a partir dali, era só uma criança - tão ironicamente diferente das impurezas que se seguiam. Logo mais, no entanto, já estaria ela sozinha outra vez.
A verdade era que a bela a aspirar e atirar impurezas pelas noites, apesar de bela, não fazia nada a não ser fumar e ser o que é para os desavisados: infindável e incontrolavelmente mulher.
Impuros, então, eram eles a desejá-la tanto.
2 comentários:
Sem demagogia, a visão que você passa nesse texto faz ele um dos melhores desse blog. Mesmo.
Mas ainda prefiro o Bukão :)
Minú personifica as mulheres que olhamos todos os dias, mas nada sabemos sobre as mesmas. Ainda assim, ficamos indagando sobre o passado e o futuro delas. Ótima personagem.
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