sábado, 24 de dezembro de 2011

On The Road: a estrada e o ritmo sob a imensidão do céu

Ler Pé na Estrada (On The Road, no título original), livro apontado como "bíblia da contracultura" e considerado um dos marcos da geração beat, é comprovar que muitas coisas questionadas hoje já foram colocadas em xeque há muito tempo. É perceber que o sentimento de mundo (que Drummond ressaltou tão bem em um livro escrito na mesma época) presente em cada uma das épocas é, sim, um espelho pra cada um de nós.


A obra é densa, a escrita é caótica e a mensagem é subjetiva. Para alguns pode ser um verdadeiro caos, mas a verdade é que o estilo único de escrita é um espetáculo à parte e o modo de vida das pessoas retratadas é, no mínimo, diferente.  Há, então, boa dose de prazer em meio à reflexão pulsante, já que Kerouac, Neal Cassady e companhia, ao colocarem o pé na estrada esperando para ver o que acontecia, trouxeram à tona o sentimento de grande parcela dos jovens de seu tempo - algo que impera até hoje, mas de uma forma bem mais inconscientemente velada. 

A versão lida por mim, contém não só o manuscrito original de Jack (sem os pseudônimos nos quais preserva a si mesmo e a seus amigos), como também quatro ensaios que falam sobre todo o contexto no qual estava inserido o autor quando retornou de suas incursões pelos Estados Unidos e se pôs a escrever incessantemente sobre as viagens em seu apartamento em Manhattan.


Livro foi publicado pela L&PM
À base de benzedrina e ao som de bop, em três semanas o romance foi escrito - tão rápido quanto o Hudson 1949 de Cassady cruzou centenas de estradas e ruas: um pergaminho de 36 metros (foto acima). Quase vomitado, é verdade. Mas cru, real, direto, bruto e selvagem assim como os fantásticos personagens (pessoas reais, vale lembrar) daquele período marcado pela ferida da guerra e suas consequências (mudanças comportamentais e etc).

Desse modo, On The Road: o Manuscrito Original (foto à esquerda) é mais realista que sua versão editada popular, pois traz todo o calor das palavras escritas pelas mãos de uma mente em chamas. Lançado em 2007 em comemoração aos 50 anos da publicação do romance, o livro vale cada centavo gasto se o comprador tiver a consciência de que mesmo com a desobediência às regras de pontuações e parágrafo (preservadas para se aproximar do aspecto original), terá diante de si a genialidade em estado natural.


Cinema

No começo desse ano, soube da adaptação cinematográfica dirigida por Walter Salles.
O filme se baseia na versão mais conhecida da obra, na qual estão os pseudônimos, e será estrelado por Kristen Stewart, a nova queridinha de Hollywood, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund e Sam Riley. 

Geralmente, sou avesso às adaptações cinematográficas de livros que aprecio, mas dessa vez o talento dos atores envolvidos e do próprio diretor me deixam curioso para assistir ao resultado. A mensagem, afinal, apesar de bastante subjetiva, é interessante e palatável ao grande público. 

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