Do que ser franco, deixar costumes de lado e deixar pessoas de lado?
É corajoso não ter compromissos com algo que não soe realmente verdadeiro, pois a missão mais fácil seria nos alinhar àqueles que mais parecem sábios ou àqueles que se dizem portadores da sabedoria alheia.
Por isso, é comum conhecer quem se diz nietzscheano, baudelete, kafkiano, shakespereano e até mesmo pessoa como Pessoa, mas é raro - muito raro - ver alguém que se inspire e se reescreva através deles.
A personalidade me parece fugaz quando usa palavras, versos e ensaios alheios em demasia para falar de si, portanto é tão triste - ao passo que é engraçado - enxergar os tempos de hoje invadindo e violando tão facilmente os espíritos pueris e frágeis que deveriam ser atemporais e inatingíveis. Nós deveríamos ser nós e não outros.
Mas é tarde - e não tarda a ficar cedo, novamente - e a hora de cessar a gargalhada se aproxima; devo dormir e guardar-me para mim.
Porém, não nego: "há tantas auroras que ainda não brilharam", mas também há antas auroras que não brilharão mais...
Prossigo, então, com minha espada em punhos, meu dedo em riste e minha percepção atenta sem me esquecer do maior de todos os empirismos que acolhi: viver para escrever, escrever o que viver e, acima de tudo, viver o que escrever.
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