terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sensibilidade

É, eu sou bem sensível. E arrependo-me diariamente de desejar não sê-lo.
Não, por vergonha jamais! Mas sim por acreditar que o mundo se torna mais cômodo e aceitável quando usamos alguma capa ou blindagem.
Porém, eu sei que comigo isso não dá certo. Eu simplesmente não sou assim. E ponto.
Além do mais, quem me conhece sabe como sou de verdade. Sensibilidade, no meu caso, não significa ser invariavelmente inofensivo ou frágil. Muito pelo contrário...
Na verdade é como se eu sentisse as coisas ampliadas dez vezes mais. Uma vez que tudo me vêm à superfície de maneira arrebatadora!

Essa semana terminei de ler um livro velho que sempre habitou minha estante.
Resolvi retornar, há um certo tempo, à minha velha mania de leitura. E, para isso, resolvi começar por ele. Comecei por ele por um motivo bem simples:
Na altura de meus 12 anos comecei a lê-lo, pois a capa sem detalhes e o aspecto antigo me passavam a impressão de ser um livro desafiador. E realmente era.
Era tão desafiador que me venceu. Eu, com meus 12 anos e fraquezas ainda não descobertas, deixei o livro repleto de 'orelhas' e não o terminei. Foi de lá que eu tirei um apelido que até hoje uso; "Aussteiger",que ,em alemão, significa algo que tanto me identifico.
Certo. O tempo foi passando e eu sempre a admirar o livro, tentando descobrir o motivo de tê-lo deixado de lado. Uns 20 livros se comprimiam na estante recém montada e, mesmo assim, depois de tantas mudanças em minha vida, ainda não o pegara pra saber o mistério.
Pois bem. Eu estava bem infeliz e insatisfeito com o rumo que as coisas estavam tomando e, por este motivo, decidi a voltar a ler com frequência. Resolvi deixar a merda da rotina e das novas responsabilidades de lado e partir para "afetos e rumores novos", como diria Rimbaud.
Abri o livro e fui viajando em cada detalhe da história, sempre encontrando uma marcação aqui e ali. Eis que de repente eu chego numa parte que realmente me emociona. Era ali que se encontrava a última página dobrada: a morte de uma personagem apaixonante. Uma mulher sonhadora, amável, intelectual e justa. Eu havia parado ali, por não suportar aquela história tão lúgubre.
Pois então, qual não foi minha surpresa, senão o término repentino do livro, de forma tão triste, solitária (lembrando tanto a realidade)?!
Chorei, deixei de cumprir obrigações e até de descansar pensando naquele livro e naquela história envolvente. Eu havia ficado fascinado com cada personagem criada pelo autor, mas principalmente por aquela mulher que poderia ser a imagem literária de algumas mulheres que conheço.
Bom, talvez seja essa a explicação. Mas não sei, não tenho certeza, pois o que importa é que ainda luto para me desvencilhar das emoções geradas pela obra.

"...Foi nessa atmosfera de medo, insegurança e revolta que um perfeito 'aussteiger' e uma jovem se encontraram - para o amor de suas vidas." (J.M.S. - logo no início do livro)

Não pude deixar de transcrever este trecho.
Sou bem sensível, como bem disse no começo da postagem. E, além de me identificar com o termo em alemão, não pude deixar de notar que minha história de amor também se aperece muito com essa descrita no livro.

O autor e a obra não divulgarei, pois não tenho motivo para isso. Ninguém me lê e somente eu acompanho esse blog, portanto sei de que livro se trata.

Até breve!